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Parques naturais sopram 'ventos de tempestade?

Um Parque Natural é uma área que se caracteriza por conter paisagens naturais, seminaturais e humanizadas, de interesse nacional, sendo exemplo de integração harmoniosa da actividade humana e da Natureza e que apresenta amostras de um bioma ou região natural.

Esta é a definição do Instituto de Conservação da Natureza que coordena os treze parques naturais existentes em Portugal, bem como o único Parque Nacional que é o da Peneda-Gerês cujo plano de ordenamento está em revisão.

No âmbito destas revisões dos Planos de ordenamento começam a surgir algumas preocupações para as autarquias envolvidas que representam legitima e democraticamente as populações, ao ponto do ministério ter pedido há algumas semanas que houvesse mais diálogo entre as partes de modo a evitar quezílias na área da Peneda Gerês e em outros parques naturais ou Áreas de Paisagem Protegida.

Novo exemplo dessa falta de sensibilidade de alguns tecnocratas instalados nos seus gabinetes de ar condicionado — de que é exemplo paradigmático ter sedes destes organismos em cidades a dezenas de quilómetros do território que justifica (?) a sua existência— chega-nos do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina cujo plano de ordenamento também está em revisão.

O caso já chegou à Assembleia da República porque ali se quer proibir a pesca de carácter lúdico de sargos, perceves e navalheiras, em zonas que correspondem a zonas rochosas e não incluem nenhum estuário ou santuário de refúgio e alimentação juvenil de espécies.

A medida é mais um exemplo eloquente do grande desconhecimento da realidade e demonstra falta de rigor científico.

Descontentes com a decisão governamental e contra as novas regras impostas, o Movimento Cidadãos marcou para domingo um protesto em Odemira.

Tendo em conta os alertas recentes, no que se refere ao ordenamento do território na área do parque Nacional da Peneda-Gerês, devem fazer-se todos os esforços para encontrar uma solução consistente que possa salvaguardar paisagens naturais, seminaturais e humanizadas, de interesse nacional e europeu, numa integração harmoniosa da actividade humana e da Natureza.

O que hoje temos foi defendido e preservado pelas mesmas pessoas que habitam nessas áreas, ao longo de séculos. O futuro não pode ser construído contra elas, os seus usos, os seus costumes e a sua actividade, até para que não soprem ventos de tempestade que tudo podem destruir.


Fonte: Correio do Minho

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